quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ASILO DAS ALMAS

"Minha alma adormece no leito das horas
e sucumbe o amor no sonho da espera.
Com os olhos cerrados e os desejos grisalhos
procuro-me no labirinto do meu ser estático.
Estou aprisionado no asilo das almas,
idoso roto dentro de mim,
O medo me corta a face
e o tecido da intimidade.
Minha alma alcança o teto do que sou
e insiste em romper a cobertura da casa
para se revestir do azul do céu,
Mas meus dedos não alcançam o fio da liberdade.
Debato-me nas paredes caiadas do quarto
na tentativa de atravessar com os punhos
o concreto das enfermidades.
Há incômodo na carne
E um cheiro putrefato no íntimo
Isso porque ainda resisto no corpo
Enquanto faleço no cerne das coisas.
Fatigado, profundamente debilitado,
despencam as ânsias de libertação.
Minha alma assim rasteja no chão da vida
com a boca murcha e o coração seco,
prova o gosto salobro
de todas as esperanças perdidas,
o amargo do tempo na língua da realidade.
Minha alma que sugava o ar dos dias
para alimentar o pulmão das utopias,
clama a morte,
intercessora dos corações doentes e débeis.
Que a morte desabe e rompa o terreno do corpo,
separando as atmosferas da terra e do firmamento.
Que eu não mais padeça a amargura da minha idade
que o meu velho espírito nublado
rejuvenesça no mistério do nada,
que se quebre o tempo da demora
e nasça o tempo sem tempo,
o homem etéreo,
o tecido sem matéria do eterno."
(Geovane Belo)

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