terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

VERSOS QUASE TRISTES

"Trago no sangue o mistério
daquele resto de estrada
que não andei...
E era talvez ali
que eu ia ser feliz:
ali
que viriam as fadas pra contar-me
os contos lindos das princesas
e de palácios e de florestas
que ficaram por contar;
ali que havia de abrir-se
o tal jardim
com flores que nunca morrem
ou, se morrem, há-de ser
na pujança da frescura
por medo de envelhecer...
Mas não passei além da curva...
O meu alento
já dobrou o joelho, desistiu.
E eu sei tão bem
que há glória que me chama
e que tudo que digo aqui, ou faço,
é só arremedar, adivinhar,
o que, pra lá da curva que não passo,
havia de fazer ou de dizer!
E eu sei tão bem
que sem tomar nas mãos a glória apetecida
me não contento!...
- Por que é que tu és só pressentimento,
minha vida?"
(Sebastião da Gama)

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