quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CARTAS DE AMOR

"Se me recordasse das cartas de amor que escrevi,
e não tive a coragem de selar,
não voltariam a escapar pela janela do quarto,
ao primeiro verso, como foi meu fado…
Mas estavas longe,
e tudo não passou de um sonho adiado.
Lembro-me das cartas que mandei para o endereço errado:
Escrevia-as em letra miudinha, beijava-as e selava-as…
Mentiram-me nas cartas!
Era tarde e com as gotículas das lágrimas perdidas,
no endereço errado, afoguei-me no desamor.
Numa eternidade…
Foi por isso que desisti de escrever cartas de amor.
Se voltasse a escrever cartas de amor,
teria de cuidar o endereço…
As cartas de amor
não podem ter por destino a posta-restante…
Sabes?!
Com o tempo, as ruas confundem os beijos perdidos
e tarde descobriram o caminho para ti.
Se me recordasse das cartas de amor que escrevi,
e não tive coragem de as selar,
não voltarias a escapar ao meu primeiro verso
pela janela do quarto…
Dar-te-ia todas as cartas, todos os poemas,
todas as palavras de amor.
E se hoje não consigo escrever cartas de amor,
tendo amor, recorro a ti
para perfumar os poemas que reparto contigo,
nos espaços cheios,
onde habitam as palavras do coração.
Não! Não voltarei a escrever cartas de amor…"
(Rogério Martins Simões)

Nenhum comentário: