"Algumas pessoas se destacam para nós.
Não há argumento capaz de nos fazer entender
exatamente como isso acontece.
Porquê dançam conosco
com mais leveza nessa coreografia bela,
e tantas vezes atrapalhada,
dos encontros humanos.
Muitas vezes tentamos explicar, em vão,
a medida do nosso bem-querer.
A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos.
O sentimento que nos move para ajudá-las
a despertar um único sorriso.
Não importa quando as encontramos no nosso caminho.
Parece que estão na nossa vida desde sempre
e que mesmo depois dela permanecerão conosco.
É tão rico compartilhar a jornada com elas
que nos surpreende lembrar de que houve um tempo
em que ainda não sabíamos que existiam.
É até possível que tenhamos sentido saudade
mesmo antes de conhecê-las.
O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades,
da roupa de gente que usam.
Transcende a forma.
Remete à essência.
Toca o que a gente não vê.
O que não passa.
O que é.
Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas.
Se estão felizes, é como se a festa fosse nossa.
Se estão em perigo, o aperto é nosso também.
Com elas, o coração da gente descansa.
Nós nos sentimos em casa, descalços,
vestidos de nós mesmos.
O afeto flui com facilidade rara.
Somos aceitos, amados, bem-vindos,
quando o tempo é de sol
e quando o tempo é de chuva.
Na expressão das nossas virtudes
e na revelação das nossas limitações.
Com elas,
experimentamos mais nitidamente dádiva da troca
nesse longo caminho de aprendizado do amor."
(Ana Jácomo)
sábado, 3 de outubro de 2009
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