sábado, 3 de outubro de 2009

ALCANÇANDO A PLENITUDE

"Quando a minha mente está calma,
eu acesso uma confiança que é descanso e proteção.
Uma fé genuína na preciosidade da vida.
Sinto que tudo em mim se reorganiza,
silenciosamente, o tempo todo.
Que isso tem mais a ver com o meu olhar,
com a natureza das sementes que rego,
do que eu possa perceber.
Minha expectativa, tantas vezes ansiosa,
de que as coisas sejam diferentes,
dá lugar à certeza tranqüila de que,
naquele momento, tudo está onde pode estar.
Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo,
eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei.
E relaxo.
Quando a minha mente está calma,
eu acesso uma clareza que me permite sentir,
com mais nitidez,
que há uma sabedoria que abraça todas as coisas.
Que o tempo tem uma habilidade singular
para reinventar nosso roteiro com a gente,
toda vez que redefinimos o que, de verdade, nos importa.
Que há um contentamento perene no nosso coração.
Um espaço de alimento amoroso.
Uma fonte que buscamos raras vezes,
acostumados a imaginar a felicidade somente fora de nós
e a deslocá-la para distâncias onde não estamos.
Quando a minha mente está calma,
os sentidos se expandem
e me permitem refinar sensações e sentimentos.
Posso saborear mais detalhes do banquete
que está sempre disponível,
mesmo quando eu não o percebo.
Nesse lugar de calma e clareza, não há nada a desejar.
Nada a esperar.
Nada a buscar.
Nenhum lugar onde ir.
Eu me sinto sentada sob a sombra de uma árvore generosa,
numa tarde azul sem pressa,
os pássaros bordando o céu com o seu balé harmonioso.
O meu coração é pleno, nenhuma fome.
Plenitude não é extensão nem permanência:
é quando a vida cabe no instante presente, sem aperto,
a gente desfruta o conforto de não sentir falta de nada..."
(Ana Jácomo)

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