Não. Não escrevo o que sou.
Escrevo o que não sou.
Sou pedra. Escrevo pássaro.
Sou tristeza. Escrevo alegria.
A poesia é sempre o reverso das coisas.
Não se trata de mentira.
É que nós somos corpos dilacerados
– “oh, pedaço arrancado de mim!”
O corpo é o lugar onde moram
as coisas amadas que nos foram tomadas,
presença de ausências, daí a saudade,
que é quando o corpo não está onde está...
O poeta escreve para invocar essa coisa ausente.
Toda poesia é um ato de feitiçaria
cujo objetivo é tornar presente e real
aquilo que está ausente e não tem realidade..."
(Rubem Alves)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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