quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

UM AMOR VERDADEIRO

"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes e como arranjas
os cabelos e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte
sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde vem
nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra,
eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi,
que o leiam aqui e retrocedam hoje
porque é cedo para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor,
uma folha que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caí­do das nossas alturas invencí­veis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro..."
(Pablo Neruda)

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