sábado, 15 de maio de 2010

PARA O TEMPO PARAR PARA SEMPRE...

"Sinto muito. Sou inteira id.
Nasci passado e não sei
se é corpo ou alma esse envelhecimento.
Essas tantas rugas de tão poucos amores
como o craquelado de chão sertanejo,
até o abismo interior ou o abaixo da terra,
esses infernos.
Meu imenso ego transborda invisível o físico.
Para falar dos outros, falo de mim e até calada.
Você jamais me conhecerá inteira porque quando minto,
há verdades e elas são minhas e apenas,
porque minha prisão é viver o que quer que seja
e a libertação é a escrita.
Quando eu não suportar mais
essas tantas reinvenções de mim mesma
pela negação do eu único e profundo
e tão só e pelo ódio ao previsível e rotineiro,
queimarei meus restos
para as moscas não pousarem nesse sagrado,
para os insetos não devorarem o que nunca houve.
E tocarei um fado, o mais triste,
para o tempo parar para sempre..."
(Lubi)

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