terça-feira, 25 de maio de 2010

À UM AMIGO QUERIDO...

"Não se esqueça de trancar a porta e aguar as plantas,
de dar comida ao gato e desligar as luzes quando for sair.
Não se esqueça de pagar o aluguel e comprar detergente,
da prova de sexta-feira e da consulta na quinta.
Não esqueça o fogão ligado ou as meias dentro dos sapatos,
ou mesmo os sapatos fora do armário.
Mas, sobretudo, meu amigo, não se esqueça do azul.
Ainda que esteja distante e um tanto enegrecido,
não se esqueça do azul. E nem se esqueça da coragem;
por que você vai precisar dela algum dia,
mais do que essas calças brancas ou esses óculos,
mais do que essas festas longas e essas alegrias curtas.
Não se esqueça do seu motivo, meu amigo.
E traga consigo, quando de sua visita, um livro bom,
um caso sem fim, e um sorriso.
Mas não esqueça os pés dentro do mundo
nem os dedos nas feridas
–pra que se esquecer de que tudo se cura?
Não se esqueça do tempo, nem que para isso
seja preciso esconder o relógio na escrivaninha
e chegar atrasado um ou dois dias.
E se der um passo, não se esqueça do outro,
e se for cair, não se esqueça de se levantar,
e se for para ficar só, não se esqueça de chorar.
Não esqueça uma lágrima sequer, nem esqueça um suspiro,
por que um dia,
quando se lembrar de tudo que passou, meu amigo,
você vai sorrir..."
(Zero)

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