sábado, 8 de maio de 2010

ENTRE MARGENS

"A tua presença exalta-se.
Espero, silenciosa, quieta, que me recordes.
Não sei há quanto tempo foi,
nem como os sentimentos se ajeitaram na distância.
O silêncio foi jorrado no vazio.
O vazio percorre, ladeado pelas margens,
numa torrente que permanece sozinho.
As palavras estranharam-se,
e os gestos transposeram fronteiras inatingíveis.
Não sei por que mares navegaste
ou em que orlas te deitaste.
Apenas tenho presente os teus braços e amarros.
A ternura que emanavas
construiu-se castelo no meu coraçao.
O ardor que outrora sentia,
os afagos que outrora me libertavam são agora prisão.
Neste ser que não me dá espaço, que me dilacera...
que me corrói espero a sombra, o sol,
espero a tua vinda.
Neste escombro me reconheço,
me perco e me revejo nesse espeljo
que apenas o reflexo do teu olhar pode concretizar."
(Maria João Marques)

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