"Se não era amor, era da mesma família.
Pois sobrou,
o que sobra dos corações abandonados.
A carência. A saudade. A mágoa.
Um quase desespero,
uma espécie de avião em queda
que a gente sabe que vai se estabilizar,
só não se sabe se vai ser antes ou depois
de se chocar contra o solo.
Eu bati a 200 km por hora
e estou voltando á pé pra casa, avariado.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez.
Era uma diversão, uma paixonite,
um jogo entre adultos.
Talvez este seja o ponto.
Talvez eu não seja adulto o suficiente
para brincar tão longe do meu pátio,
do meu quarto, dos meus carrinhos.
Onde é que eu estava com a cabeça,
de acreditar em contos de fada,
de achar que a gente muda o que sente,
e que bastaria apertar um botão
que as luzes apagariam
e eu voltaria a minha vida satisfatória,
sem sequelas, sem registro de ocorrência?
Eu não amei aquela mulher.
Tenho certeza que não.
Eu amei a mim mesmo,
naquela verdade inventada.
Não era amor,
era uma sorte, era uma travessura.
Não era amor,
eram dois travesseiros.
Não era amor,
eram dois celulares desligados.
Não era amor,
era de tarde, era inverno.
Não era amor,
era sem medo.
Não era amor...
era melhor.."
(Martha Medeiros)
sábado, 8 de maio de 2010
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