sábado, 1 de maio de 2010

PÁSSAROS DE VAPOR

"Tenho que bater com a porta
e sair a correr
atirar-me para a erva a chorar
esperar o consolo do meu cão
que me procura a cara
com o focinho quente
ou atirar-me para a cama
a chorar e molhar a almofada
as lágrimas descem
pelo canto dos olhos
como os rios desviados
são salgadas
da mesma água do mar
quando está calmo e só
de tarde
gosto de chorar
em frente dos homens
para que me abracem
ou me vejam
no meu momento
de máxima beleza
com essas pérolas
rolando pela cara
como se eu fosse
de cristal ou de água
dos chuviscos
desculpem-me
como atrás
dos chuviscos
no espelho da casa de banho
às vezes
ponho gotas de água
lágrimas falsas
que deixo cair
da ponta dos meus dedos
às vezes dou-me beijos no espelho
e ficam marcados os lábios
como pássaros de vapor..."
(Roberta Iannamico)

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