terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MEU UNIVERSO PARALELO...

"A gente pode começar contando histórias,
e depois estrelas.
A gente pode contar histórias de estrelas,
e depois você me conta tudo.
Me conta o mundo sem abrir a boca,
que eu te mostro os hemisférios
nas linhas da minha mão.
E as minhas mãos estão no seu rosto gelado,
realizando o processo de translação da Terra.
Se isso nos seus lábios não for um pôr-do-sol,
eu suponho um sorriso.
O seu corpo todo é coberto de atmosfera.
O meu é luz e raio ultra-violeta,
e a gente se mistura pra aquecer a alma.
Eu quero lamber este seu cheiro de lua,
pra me purificar.
Nem o ar é mais o mesmo.
Agora ele é todo azul, feito céu.
O mesmo céu que eu roubei da sua boca
–céu da boca-, pra me acompanhar.
Os seus cabelos ficam cintilando na minha mão,
e eu sinto todos os pelinhos mais simbólicos da sua pele
se arrepiarem.
É quando meus cabelos se espalham no seu corpo
e você vê uma estrela cadente no céu.
Eu vejo outra na sua boca,
e acabo me perdendo de desejo ao invés de encontrar um.
Enquanto isso, as minhas mãos
continuam realizando a translação
e o universo gira em um segundo.
Na verdade fui eu que girei pra me acomodar
a você de outra forma,
e pra fazer com que a noite vire dia.
Eu sendo noite, e você sendo dia,
a gente é 6 horas da tarde.
O sol se pondo, a lua vindo,
mas os dois ao mesmo tempo, fundidos em degradê.
A minha parte clara é a sua escura.
O meu quente é o seu frio.
E assim, pelos contrários, eu me derreto na sua boca,
e você me despeja um tanto de mar.
Fui eu, com a função de lua, que puxei o seu mar pra mim.
Maré, maré...
Depois de tudo, a gente se limpa de estrelas
e você me devolve o seu sorriso pra eu me vestir,
meu universo paralelo..."
(Juliana Baeta)

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