terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ORAÇÃO PAGÃ

"Já faz tempo que eu me perdi em você,
e é desde então que eu ostento este semblante obtuso,
vago e sereno, comum a essa gente apaixonada.
E eu diria, a essa gente louca, sem razão, sem voz,
sem amor próprio, sem boas intenções, sem noção,
se hoje eu também não fizesse parte disso,
ou pior ainda, pra usar minha paixão superlativa,
se eu não reproduzisse o protótipo perfeito dessa gente toda.
Minha religião mudou quando eu criei um deus
só pra te acompanhar e te proteger,
e livrar você de todo mal,
e foi então que eu me vendi a ele.
Gastei toda a minha alma assim,
me tornando uma pagã ao contrário, uma atéia desviada,
para incluir você nas minhas orações inventadas,
e então eu creio...
Eu que nem sei rezar, me tornei a mais cristã das mulheres,
o mais santo dos mortos, e que o diabo me perdoe,
mas hoje eu quero o céu, só pra te dedicar o paraíso
e te adorar em um altar sagrado.
(E eu quero passar todos os dias santos fazendo amor com você,
mergulhada no seu sexo, instalada entre as suas pernas
e lambendo todas suas veias e os seus cabelos,
até você se derramar na minha boca.
Amém)."
(Juliana Baeta)

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