quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PAPAGAIOS DE PAPEL

"Passaram os ventos de agosto,
levando tudo.
As árvores humilhadas bateram,
bateram com os ramos no chão.
Voaram telhados, voaram andaimes,
voaram coisas imensas:
os ninhos que os homens não viram nos galhos
e uma esperança que ninguém viu,
num coração.
Passaram os ventos de agosto,
terríveis, por dentro da noite.
Em todos os sonos pisou,
quebrando-os, o seu tropel.
Mas,sobre a paisagem cansada
da aventura excessiva -
sem forma e sem eco,
o sol encontrou as crianças
procurando outra vez o vento
para soltarem papagaios de papel..."
(Cecília Meireles)

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