sábado, 12 de dezembro de 2009

O VENTO CONTRA MIM...

"Cansada da espera inútil dos dias
saudei as luzes de um dia que jugava não existir mais,
o dia dos meus anos, os anos da minha humilde vida,
vinte anos e um sorriso entre lágrimas
que se desperta para além do tempo.
Voltei a cortar-me porque sempre faço asneiras
a mim próprias e àqueles que eu adoro,
quebro um pouco o tempo ao meio só
para me ser possível digerir o sangue a escorrer,
sujando a mão, a alma, o corpo,
sujando e ocupando tudo e depois não resta mais nada
a não ser esta violenta vontade de não ser.
Esperei que o tempo se curvasse perante a memória
mais triste de mim, chorei depois o tanto em palavras
que se deram em esperança e encantamento.
Se tu soubesses o quanto gosto de ti
não haverão mais palavras nem silêncios nem tempos sem fim.
Se tu soubesses o que vai dentro de mim
já não se agitaria o vento contra mim."
(Margarete da Silva)

Nenhum comentário: