segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

JÁ NÃO ME ABRAÇO...

"Deixo-me abater,
talvez o mundo seja mesmo este conjunto abstrato
quase intacto de ser, quebro as amarras que me iludem
e iludem um resto do mundo com sonhos que ainda virão
e depois quebro tudo o resto
e até digo que não presto enquanto arranco o meu coração.
Sento-me no teu colo mais do que uma vez deixas-me cair,
a vida para ti é assim tão leve?
Atiras-me e deixas-me cair,
percorres a minha face com adornos que não me pertencem
e pintas os meus lábios com o sangue dos meus braços
que cortaste com o mau tempo,
se a vida fosse assim tão bonita como são os dias de Outono.
Eu queria um tempo para mim, chegar ao meu barco
e remar sem me sentir presa a lado algum,
agito as mãos quase afogadas pela água das lágrimas que choro...
triste! Muito triste ter o chão coberto pelos meus cansaços,
olhar para o lado e desesperar com a falta dos teus abraços,
teus? Meus até porque eu própria já não me abraço..."
Não gosto de mim!"
(Margarete da Silva)

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