segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O AMOR É TÃO MONÓTONO...

"O amor é tão monótono…
Porque ele é o cimo sensível
de uma imensidade de coisas que se esqueceram.
Como falar desse mínimo que é o vértice
de todo um mundo que o sustenta?
Falar de nada, que é o todo nele?
Podia dizer o teu nome infinitamente
na multiplicação do que nele me ressoa.
E é assim o que mais me apetece, dizê-lo, dizê-lo.
E ouvir nele o maravilhoso que me abala todo o ser.
Poderia escrever o teu nome ao longo do que escrevo
e teria talvez dito tudo.
Mas eu queria desse tudo dizer também o que aí se oculta.
Dizer o meu enlevo e a razão de ele me existir.
As tuas mãos nas minhas.
O incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto.
O ardor de um meu dedo na tua pele. Na tua boca.
O terrível dos meus dedos nos teus cabelos.
O prazer horrível até à morte
da minha entrada no teu corpo."
(Vergílio Ferreira)

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